O Governo está abrindo a dispensação de derivados de cannabis medicinal em farmácias para pacientes com doenças crônicas.
Um passo histórico rumo à legalização da cannabis medicinal. Nesta terça-feira, a subcomissão do Congresso sobre cannabis para fins terapêuticos aprovou um relatório com algumas diretrizes para que o governo comece a regulá-la. Entre elas, a possibilidade de dispensá-la em farmácias e a ampliação das doenças para as quais pode ser prescrita. Na próxima terça-feira, 28 de junho, o documento será submetido à Comissão de Saúde para aprovação final. E, salvo uma mudança de última hora, pacientes com doenças graves poderão ter acesso ao psicofármaco após anos de luta ininterrupta. É só uma questão de tempo.
Ele relatório, patrocinada pelo PSOE, foi aprovada com o apoio dos Socialistas, UP, Cs, PNV e PDECAT, enquanto Bildu e Esquerra se abstiveram e PP e Vox votaram contra. Este é o resultado de oito meses de trabalho de uma subcomissão criada Ad hoc para que grupos políticos pudessem analisar as experiências dessa iniciativa em outros países e ouvir as opiniões de cientistas e especialistas na área.
A proposta inicial do PSOE, assumidamente conservadora, foi suavizada durante as negociações com o Unidas Podemos e as emendas ao texto dos demais grupos parlamentares.
Uma das conclusões mais notáveis da comissão é que ela abre a porta para a dispensação de cannabis medicinal em farmácias, conforme exigido pela roxo e potenciais consumidores. Assim, o texto estabelece que "a dispensação de fórmulas-mestras com extratos ou preparações padronizadas de cannabis deve ser realizada por meio da rede de farmácias do sistema de saúde, preferencialmente farmácias hospitalares, explorando-se a alternativa de farmácias comunitárias que atendam às exigências".
Em segundo lugar, o projeto considera o uso de flores de cannabis — popularmente conhecidas como brotos — "para desenvolver projetos medicinais experimentais", algo que os socialistas não haviam considerado anteriormente.
Por outro lado, após o acordo, o relatório inclui dor oncológica e endometriose entre as condições para as quais a substância poderia ser prescrita. Esclerose múltipla, algumas formas de epilepsia, náuseas e vômitos associados à quimioterapia, endometriose, dor oncológica e dor crônica não oncológica (incluindo dor neuropática) são as condições consideradas, e há potencial para que o medicamento seja estendido a outras indicações terapêuticas quando os estudos fornecerem evidências consistentes.
Por fim, o documento ratificado pela Comissão de Saúde eliminou a exigência de que a indústria farmacêutica seja a única autorizada a produzir extratos ou preparações padronizadas em forma de óleo.
Para implementar essas e outras recomendações, o governo não precisará criar uma lei ou alterar uma já existente, já que o que o Congresso deverá emitir na próxima semana não é um texto legislativo, mas sim um guia com uma série de propostas. O Ministério da Saúde escolherá como implementar a cannabis terapêutica na Espanha, e a Agência Espanhola de Medicamentos e Dispositivos Médicos (AEMPS) terá seis meses para decidir como esse programa se enquadra na regulamentação atual.